terça-feira, 29 de julho de 2014

Depressão labirinto com várias saidas.

Depressão, um labirinto com muitas saídas!
Jovem senhora X me procurou queixando-se sofrer de depressão. Adiantou-se a qualquer pergunta de minha parte fechando um drástico diagnóstico em poucos minutos. Via-se em um enredo no qual se tornara uma bela peça de decoração que a todos agradava, mas sentia-se jogada em um canto escuro, sozinha. Após anos e anos de dedicação a família, todos diziam amá-la, porém na verdade a seu modo de  ver, só a procuravam se dela precisassem. Passara cada vez mais a tratar de enfeitar-se buscando manter-se bela para continuar feliz. Sentia-se jovem no intimo, porém temia o ridículo a cada iniciativa ou sonho que lhe ocorresse. Examinava cada expressão, sorriso, cada palavra dirigida a ela por quem quer que fosse. Temia ficar só, Afinal quem gostaria dela agora que sua beleza, saúde e importância apagava-se a cada pequena ruga nova que aparecia. Achava que de novo em sua vida nada de bom viria mais. Sentia rompantes de raiva até contra seus cremes e perfumes. Queria sumir, fugir de tudo e de todos, descobrira que vivia em um mundo ingrato, nada mais lhe restava além de preocupação, medo. Muitas dores no corpo e na alma.
A atual maneira indicada para se viver bem nos está sendo apresentada através de uma fórmula aparentemente muito fácil. Tudo é possível, só depende de realmente querermos. Afinal: querer é poder! Chegando a nos proporcionar episódios em que sentimos tremendamente realizados, felizes, mas cada vez por menos tempo. Buscamos de todas as formas lutar para satisfazer nossas demandas de prazer. Somos assim solicitados a participar de uma enlouquecida maratona na qual não podemos nos alegrar com uma participação honrosa, sequer desfrutar a trajetória. Exigem somente vitórias e mais vitórias, prazeres e mais prazeres, todo viço, todas as forças nos são extraídas. Caímos cegamente em um labirinto infernal, quando apenas bem intencionados.  Afinal merecemos, é um simples prêmio por tanto esforço.
Casos como de Senhora X são cada vez mais comuns. Muitos ainda relutam em buscar ajuda profissional adequada.   Tentando resolver sozinhos ou aceitando a participação de curiosos, que embora muitas vezes bem  intencionados colaboraram para tornar graves, alguns episódios  resolvíveis até mesmo sem o uso de medicamentos, em sessões  de análise esclarecedoras. Existem técnicas terapêuticas de atuação breve onde o sujeito acometido por desconfortáveis sintomas, assustadores a si próprio, poderia ser tratado, vindo a aliviar uma crise potencial considerada leve para um profissional experiente. A ansiedade e mesmo a incômoda angústia por ela alimentada pode ser nada menos que uma grande força inspiradora para criação artística ou moto propulsora das mais variadas formas de realizações sadias e algumas vezes lucrativas.
Tudo é passageiro em nossas vidas. Não existe labirinto sem saída!
Ruy Eduardo de Castro.  Psicanalista clínico.

ruyeduardodecastro@hotmail.com