sexta-feira, 30 de novembro de 2007

- eu e Flavio,meu irmão querido.

Quando a mente esvazia.

De face virada para a parede, pende o queixo forçando a vista olhar o chão. A cabeça como que estivesse oca teme sacolejar o cérebro que inexiste, mas insiste em angústia buscar a razão. Confundo um pouco lembro a infância. Já houve tempo melhor, corríamos pelos quintais subindo em árvores, buscando manga, soltando pipa, caçando passarinho, livres correndo tomando banho de rio. Ele gostava de poesia, crescia como herói pra mim, queria eu ser também poeta buscar apreender o sonho. A vida invoca situações, sugere alternativas, somos levados ao alto, o pensamento é ilimitado torna simples sonhos, em líricos momentos de fuga, como adivinhando a caminhada apresentando outras formas de viver. O porvir ignorado que impõe caminho, demonstra opinião de experientes parentes, que mais velhos vêem de forma simples, como se assim fosse. A família é grande, muitos tios e tias, vemos todos como exemplos. Vemos todos alegres, primos ricos, primos pobres. Existem momentos que vejo nele uma grande certeza, vai ser militar como papai, tem resposta para tudo. Desperta risinhos nas meninas quando passa, eu me sinto importante, quero um dia ser assim. Ele quer ser como papai, busca mostrar, se mostrar, mas não é reparado, eu sofro sei que era importante para ele, quer ser como papai, fico triste abraço mamãe que ainda me vê como o neném. Fomos à praia todos juntos o irmão mais velho tenta também agradar papai fazer piruetas , salta, pula, mas não leva jeito, aí vai o Fafá é um artista, ninguém ensinou dá um mortal, planta bananeira lá no alto apoiado nas mãos de papai, salta cai em pé. Virgílio, o mais velho faz bico, eu torço, o pai ri Flávio agradou papai, está feliz.
O tempo voa começo a pensar em mim quero ser meu herói, buscar minha vida despertar rizinhos, sonho com as meninas alguma coisa forte está acontecendo e eu já sei o que é. Ele agora é só, fala pouco entra e sai em casa rindo pouco, transtornado não quer assunto, procuro tratar de mim. O mais velho agrada o pai, mede palavras sempre agrada, Fafá agora é Flavio estuda Direito continua sem agradar o pai, parece que desistiu.
Flavio gosta de teatro, literatura, discordou do pai aprecia a esquerda ouviu falar em Marx, não entende os militares, mas não consegue trair o pai. Encontro com ele nas noites, finais de noites ambos já curando porre, beco da fome, temos prazer de ser irmãos, irmãos e amigos, mas só à noite. Ele continua herói, agora herói boêmio. Continua agradando as garotas, agora mulheres, mulheres do dia, mulheres da noite. Não combina com as da noite, mas precisava delas, acho já estava perdido sem esperança, parecia querer se afundar na noite, o olhar era triste parecia perdido. Meu coração apertava, não sabia o que fazer, percebi algo errado. Lá em casa era difícil, era certo ou errado eu mesmo tentava me livrar de tudo, buscava trabalhar me virar em grana. A sorte estava lançada todos adultos ou meio adultos, não dava mais pra esperar eu tinha que decidir. Ele foi sumindo dentro dele mesmo, olhava a parede, não pensava mais, não achava a razão, sumiu em si mesmo. O pai agora viu, chorou, lamentou, agora era tarde! talvez para ele, papai. Não para DEUS!......O PAI.....O tempo passou... e
o Fafá está voltando, meu irmão meu herói! Estou feliz!
Ruy Eduardo de Castro.
30/11/07.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007


Tempestade de Areia. (O sonho)


Formava-se enfurecido no horizonte um assustador redemoinho de vento, as areias passageiras relutavam insanas assoviando terror por onde passavam. O calor ressecante oprimia a alma em pânico pela invalidez do corpo, que prostrado aos poucos se entregava alheio a qualquer esperança. A calma do pequeno recanto e a generosa água do poço arcaico, carecia de sombra para aplacar a fúria da canícula impiedosa. O tempo passara e em agonia lamentava ao implacável arrenego de Alá às mulheres, vítimas eternas da impiedade do misógino deus dos desertos. Havia ela se mantido pura através dos tempos, apesar dos aflitos apelos de candidatos ao seu amor. Aguardava àquele que como um príncipe, iria arrebatar sua alma e colher em volúpia seu represado amor.
Naquele longo colecionar de instantes, tudo passava em sua cabeça, era um só emaranhado de dores de arrependimento que já não conseguiam plasmar seu herói prometido em sonhos. A origem fatal enredava sua vida nas contingências impiedosas do Al Corão, sua condição de fêmea fazia com que arrastasse sobre os ombros a pesada cruz. Naqueles momentos do agora insistiam em tocar a eternidade e já não mais se arrastava, jazia parado. Ela não conseguia disfarçar a raiva que alimentava contra os costumes de seu povo e lamentava sua burca negra não tapar também, definitivamente a sua visão, então chorava por seu herói cristão, pelo qual delirava em suas noites de solidão, quando buscava solução para seus abrazados lamentos. As condições climáticas do deserto eram imprevisíveis, mas dessa vez não parecia que mudariam e nossa solitária heroína agonizava seus fracos e derradeiros suspiros de impotência e a turva visão a convidava a entrega inevitável aos braços do cavaleiro negro da foice afiada, que já zunia no trevoso início de noite. Era o redemoinho da morte que em seu delírio já impunha um tremor intenso na frágil criatura. Por uma última vez tentou amealhar forças para vislumbrar a chegada de seu herói trazendo luz, àquelas trevas que insistiam em gargalhar sem boca entre o capuz macabro. Enfim perdeu a visão ao ouvir um retumbante relinchar de agonia no misturar de sons agora mais confusos. Aparentava aos seus fracos sentidos outro abafado galope nas areias, que a fez se atrever a abrir novamente os olhos que brilharam, mas antes porem disparou seu coração sangrando de amor e palpitando sem ritmo pela miragem devastadora do cavaleiro prateado El Rinald, que em seu cavalo de fogo cavalgava , o justiceiro de Abraão com sua longa lança e sua esvoaçante mecha de prata na cabeleira negra deslumbrante, que coadjuvante ao sorriso branco como luar, espantou a morte quando esta galopou desvairada com a cola enfiada entre as pernas, amedrontada.
Como em um poema mil e uma noites em um só instante a tristeza se fez luz gloriosa, arrebatou a amada agarrada a sua mão estendida, voando para sua garupa e como um cometa cruzaram os céus agora estrelados. No horizonte se voltaram e viu-se empinar o garanhão do amor.
E assim foram felizes para sempre......... unidos por DEUS, em muitas longas conversas, muitas missões e muito, muito amor.

Ruy Eduardo de Castro.
29/11/07.

terça-feira, 6 de novembro de 2007



Imundos.

Participei de um culto onde o pregador tratou do assunto da homossexualidade, coisa rara, e percebi que ele o fazia sem preconceito. Ele tratou do assunto de forma muito calma e viu os indivíduos com esta característica de forma amiga. Eu penso como esse pastor, não acredito de devamos tratar as pessoas que são assim, como inferiores ou como seres merecedores de desprezo. Este pastor falou que tinha alguns amigos homossexuais em sua convivência universitária e que entendia que diante de Deus eles teriam condições de organizar suas vidas de uma forma melhor, tendo como parâmetro as premissas bíblicas e a condição natural criada por Deus de convivência sexual homem e mulher.
Acredito que a grande maioria dos indivíduos com desvios de comportamento sexual deste tipo, intimamente não se agrada de sua condição e sendo combatidos constantemente, passam a reagir de forma agressiva contra seus detratores. Pelo conhecimento de casos deste tipo que tive oportunidade de lidar, constatei uma insatisfação pessoal à situação e um esforço de adaptação às suas características, por acharem ser impossível a mudança. Grande maioria alega ter reagido ao se deparar com sua diferença e seu tipo de comportamento diante de uma sociedade fechada e temerosa para lidar com este tipo de situação.
O pregador apresentou a tese de que esses indivíduos deveriam se apresentar a Deus e aguardar que o Espírito Santo fizesse a obra no devido tempo. Acredito e concordo plenamente com ele. Porem, percebo desde o início de minha caminhada cristã uma predisposição homofóbica, que se insinua constantemente de forma radical. O assunto ao ser levado a baila, causa imediatamente a reação já conhecida e característica no mundo secular. As pessoas se colocam em posição de superioridade e desprezo e passam a debochar de quem fala do assunto, como se o mesmo fosse integrante do grupo citado, tentando assim fugir ao assunto desagradável. Outra manifestação que reparo é o brilho nos olhos de alguns “irmãos” ao se referirem a estas pessoas, noto uma descarada alegria com a infelicidade alheia. Percebo que se sentem superiores e à vontade para liberar sua agressividade. Lembro da passagem bíblica da mulher adultera, quando os fariseus demonstravam conhecer a lei e exigiam de forma radical, um julgamento por parte de Jesus, que ratificasse seus conceitos. Depois disso, como acredito que todos conheçam o episódio citado, pergunto: Jesus julgou o elemento pecador ou o pecado personificado? A meu ver Ele perdoou e ensinou o comportamento adequado. Vá e não pequeis mais, desta forma.
Como homem, de convicção heterosexual inata, e tendo sido criado nesta nossa sociedade machista muito confortável a nós, poderia também me abstrair a esta realidade paralela, constante em toda história humana e naturalmente hipócrita, de acordo com minha condição humana caída, viver alheio a isto, mas me deparo com o fato de não ser mais um ímpio e o caráter cristão me incomoda sobremaneira, não permitindo omissão.
Porque seria incômodo convidar os homossexuais a participar dos cultos conosco abertamente, admitindo sua situação, não aprovando o pecado, mas orientando o comportamento correto? Será que a maioria dos cristãos tem medo de se contaminar ou será que temem não resistir à tentação homossexual? Será que não estão resolvidos a este respeito?
Quando aceitamos e acolhemos um ladrão, um estuprador, ou um assassino, acreditamos que o mesmo será regenerado, entrará em um processo de santificação e se tornará comensal do futuro banquete. Não ficamos pensando que eles irão assediar nossas esposas nem estuprar nossas filhas. Vejo muito pastor se arrogar de levar pro Senhor muitos traficantes, porquê, esses indivíduos sexualmente diferentes não tem também o direito?
Aprendi com Jesus que depois de sua vinda, sua encarnação, sua vivência humana, Ele curou leprosos, comeu com pecadores, amou prostitutas, eu não o vi enviando nenhum de nós para fora dos arraiais, decretando exílios ou segregações.
Sobre o assunto principal tratado, não vi na bíblia o Senhor Jesus classificá-los, vi sim tratar de desvios de comportamento, dos mais variados tipos. Ele veio para os pecadores como nós!Vi o Senhor Jesus tirar um morto de sua cova depois de avançada decomposição e revivê-lo. Será que se nos comportando desta forma não estamos impedindo ou tentando impedir que alguns eleitos sejam atingidos?Vi Paulo tratar de combater estes desvios ou perversões de forma forte, e concordo, mas não entendo cristianismo impiedoso. A bíblia ensina a este pecado leva a morte espiritual. Será que não é o bastante?Será que por ser encarado assim não deveríamos nos dedicar uma pouco mais a eles? Porque o Senhor Jesus comia com os que eram considerados imundos pelos fariseus?
Quem eram os imundos?
Quem são os imundos de hoje?

Ruy Eduardo de Castro. 6/11/2007.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

caminho estreiro



Lembram do homem da escada?

Da frente da igreja?

Aquele que varria a escada, com roupas simples.

Varria e louvava...prova de amor e humildade, benção de Deus.

Tenho certeza que como eu e você, ele também peca.

Um homem não muda a meu ver, um homem passa a crer em Deus e como fruto desse amor...irresistivelmente, passa a servir a Deus.

Na verdade simplesmente amadurece, mas não amadurece no pé, preso ao chão, como se fosse fruto de árvore comum, é fruto distinto dos outros frutos comuns, é ramo de uma árvore especial, plantada junto ao manancial de aguas. Houve um homem e uma mulher, esta, fruto desse mesmo homem que andou com Deus. Sendo que por agradar a Deus e sendo Deus completo e perfeito, apiedou-se deste ser criado. Este que por não ser Deus como seu Criador, carecia de complemento, por somente ser e não Ser. O Pai deu a este criado uma companheira útil, que quis ser útil? Como ser útil? O que será servir melhor? Quantos buscam servir a Deus sinceramente, com coração determinado e se precipitam a ver com os próprios olhos o que seria visão de Deus.

Um homem varria a escada, serviço simples.

Quem varre a escada de uma igreja?

Quem faz uma escada de uma igreja?

Quem faz de uma igreja, uma escada?

O homem varria a escada, não estava preso a nada, estava preso ao Tudo, por isso é livre! Útil aDeus!
Naquela hora não falou de Deus, aquele dia ele calou, aquele homem como eu e você,peca, mas não pecou! Calou por Deus?
Ruy Eduardo de Castro.
2/11/2007.
(ler o Serviçal,1ºtexto)