terça-feira, 6 de novembro de 2007



Imundos.

Participei de um culto onde o pregador tratou do assunto da homossexualidade, coisa rara, e percebi que ele o fazia sem preconceito. Ele tratou do assunto de forma muito calma e viu os indivíduos com esta característica de forma amiga. Eu penso como esse pastor, não acredito de devamos tratar as pessoas que são assim, como inferiores ou como seres merecedores de desprezo. Este pastor falou que tinha alguns amigos homossexuais em sua convivência universitária e que entendia que diante de Deus eles teriam condições de organizar suas vidas de uma forma melhor, tendo como parâmetro as premissas bíblicas e a condição natural criada por Deus de convivência sexual homem e mulher.
Acredito que a grande maioria dos indivíduos com desvios de comportamento sexual deste tipo, intimamente não se agrada de sua condição e sendo combatidos constantemente, passam a reagir de forma agressiva contra seus detratores. Pelo conhecimento de casos deste tipo que tive oportunidade de lidar, constatei uma insatisfação pessoal à situação e um esforço de adaptação às suas características, por acharem ser impossível a mudança. Grande maioria alega ter reagido ao se deparar com sua diferença e seu tipo de comportamento diante de uma sociedade fechada e temerosa para lidar com este tipo de situação.
O pregador apresentou a tese de que esses indivíduos deveriam se apresentar a Deus e aguardar que o Espírito Santo fizesse a obra no devido tempo. Acredito e concordo plenamente com ele. Porem, percebo desde o início de minha caminhada cristã uma predisposição homofóbica, que se insinua constantemente de forma radical. O assunto ao ser levado a baila, causa imediatamente a reação já conhecida e característica no mundo secular. As pessoas se colocam em posição de superioridade e desprezo e passam a debochar de quem fala do assunto, como se o mesmo fosse integrante do grupo citado, tentando assim fugir ao assunto desagradável. Outra manifestação que reparo é o brilho nos olhos de alguns “irmãos” ao se referirem a estas pessoas, noto uma descarada alegria com a infelicidade alheia. Percebo que se sentem superiores e à vontade para liberar sua agressividade. Lembro da passagem bíblica da mulher adultera, quando os fariseus demonstravam conhecer a lei e exigiam de forma radical, um julgamento por parte de Jesus, que ratificasse seus conceitos. Depois disso, como acredito que todos conheçam o episódio citado, pergunto: Jesus julgou o elemento pecador ou o pecado personificado? A meu ver Ele perdoou e ensinou o comportamento adequado. Vá e não pequeis mais, desta forma.
Como homem, de convicção heterosexual inata, e tendo sido criado nesta nossa sociedade machista muito confortável a nós, poderia também me abstrair a esta realidade paralela, constante em toda história humana e naturalmente hipócrita, de acordo com minha condição humana caída, viver alheio a isto, mas me deparo com o fato de não ser mais um ímpio e o caráter cristão me incomoda sobremaneira, não permitindo omissão.
Porque seria incômodo convidar os homossexuais a participar dos cultos conosco abertamente, admitindo sua situação, não aprovando o pecado, mas orientando o comportamento correto? Será que a maioria dos cristãos tem medo de se contaminar ou será que temem não resistir à tentação homossexual? Será que não estão resolvidos a este respeito?
Quando aceitamos e acolhemos um ladrão, um estuprador, ou um assassino, acreditamos que o mesmo será regenerado, entrará em um processo de santificação e se tornará comensal do futuro banquete. Não ficamos pensando que eles irão assediar nossas esposas nem estuprar nossas filhas. Vejo muito pastor se arrogar de levar pro Senhor muitos traficantes, porquê, esses indivíduos sexualmente diferentes não tem também o direito?
Aprendi com Jesus que depois de sua vinda, sua encarnação, sua vivência humana, Ele curou leprosos, comeu com pecadores, amou prostitutas, eu não o vi enviando nenhum de nós para fora dos arraiais, decretando exílios ou segregações.
Sobre o assunto principal tratado, não vi na bíblia o Senhor Jesus classificá-los, vi sim tratar de desvios de comportamento, dos mais variados tipos. Ele veio para os pecadores como nós!Vi o Senhor Jesus tirar um morto de sua cova depois de avançada decomposição e revivê-lo. Será que se nos comportando desta forma não estamos impedindo ou tentando impedir que alguns eleitos sejam atingidos?Vi Paulo tratar de combater estes desvios ou perversões de forma forte, e concordo, mas não entendo cristianismo impiedoso. A bíblia ensina a este pecado leva a morte espiritual. Será que não é o bastante?Será que por ser encarado assim não deveríamos nos dedicar uma pouco mais a eles? Porque o Senhor Jesus comia com os que eram considerados imundos pelos fariseus?
Quem eram os imundos?
Quem são os imundos de hoje?

Ruy Eduardo de Castro. 6/11/2007.

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