sexta-feira, 15 de agosto de 2014










Robin Willians. Mais uma vítima da depressão.
O indivíduo e o artista.
Ambígua situação vivida pelos atores, onde estaria o limite entre o indivíduo e o ser múltiplo, o artista. Seria possível um comutar sistêmico entre o triste e o feliz sem alguma sequela? Atualmente viver estados alterados de humor tornou-se cada vez mais comum. Vivemos um tempo de hiper excitação. A informação flui sobre nós sem tréguas, somos afetados todo momento não há filtros, todo sinal é valorizado e atendido. Excesso de afetos gera estresse. É comum entender a depressão como um estado psíquico de tristeza. As pessoas não sabem distinguir uma angustia com motivo real, de um estado doentio. Não é difícil arriscar motivos que podem ter levado um ator bem sucedido, amado e reconhecido internacionalmente ao suicídio grotesco por enforcamento. Ironia amado muitos, porém inconformado em si mesmo.  Alguns diriam, conseguiu tudo, a vida perdeu a graça, foram as drogas, uma vida de excessos. Eu diria talvez ter sido de tudo um pouco. Em uma escala similar de grandeza esta triste dor psíquica atinge a todos pelo menos uma vez durante a vida com maior ou menor intensidade. Qualquer pessoa comum atualmente gera uma produção de adrenalina bastante elevada resultando um estresse vicioso causador ora de euforia ou irritabilidade ora a tristeza, frustração. Algumas vezes profundas e duradouras. Ocorre com as pessoas em geral, cada vez mais, mesmo sem o extremismo da personalidade de um artista famoso. Somos estimulados e cobrados por performance no trabalho e também no lazer. Existe necessidade de cumprir metas, do superar a si mesmo o tempo todo. Reações psicossomáticas, doenças orgânicas são provocadas por conflitos psíquicos em geral inconscientes. Geração ou ingestão excessiva de hormônios, resultando elevação pressão arterial, doenças cardíacas, ausência de sono, ou hiperatividade, irritação, ansiedade, são sintomas, podem ser sinais de desequilíbrio psíquico que geralmente seriam controlados quando tratados logo no início até sem uso de medicamentos. Deveríamos aprender a identificar esses sintomas e buscar uma conduta preventiva. Em geral por uma resistência natural cria-se um mecanismo de defesa que impede a buscar ajuda profissional em tempo, procrastinamos. Ainda vivemos nos tempos atuais preconceitos velados quando se trata de eventos psíquicos, gera desconforto e medo. Afastamos o desejo até mesmo de um simples esclarecimento. Sofrimentos psíquicos são ainda hoje tabus! A vida acelerada de um mito do cinema, ou de um pacato cidadão comum algumas vezes coincidem em discretos sintomas que passando despercebidos posteriormente podem vir a transtornar vidas com vocação saudável. Como um Peter Pan, transcendendo a terra do nunca, Robin Willians e alguns outros “simples mortais” desprezam o céu, por ser escuro e vão ao inferno em busca de luz, como disse o poeta um dia.

Ruy Eduardo de Castro. Psicanalista Clínico.