sábado, 13 de setembro de 2008


Falar faz parte do estudo.
Em certo momento ela abre a boca e boceja. A postura lateral de sentar, o braço corrido sobre o espaldar do banco sugere distância e talvez dúvida. Outros olhos, ouvindo parecem devorar palavras e querer saber. Momentos iniciais são de grande inquietação. O quê será, o que virá, serei capaz de envolver estas pessoas?Saberei dizer o que penso, como sintetizar um sentimento tão grande, como mostrar a sinceridade, como seguir um roteiro sem ser cansativo. O mundo anseia por respostas, o coração do homem amarga o desconhecido, quer encontrar alegria, quer ver confirmados seus pré-supostos. Se por acaso o ato de escrever e divulgar, é despir-se em público, a experiência de dirigir-se a uma platéia que espera identificar em suas palavras uma mensagem de Deus, é como se sangrar em sacrifício. A circulação sanguínea no cérebro parece ferver, cada face, cada olhar é percebido e identificado,eles gritam, sofrem assustados temendo a decepção, o constrangimento. São minutos eternos, namoro desconfiado, a parte receptiva sorri curiosa, alguns alheios não se comprometem, ela curva a sobrancelha como se vaticinasse a derrota.O casal sorri como quem espera o bem , o outro lê pensamentos já se agradando,o mais lá no fundo já está vendido,aquele outro olha para baixo como se dissesse , sei lá. Existe um desprendimento entre o falar e o observar a resposta, somos divididos em corpo e alma. O pensamento ocorre: eles não merecem um tagarelar simpático vazio, mas como dizer a verdade sem ferir, penso novamente, isso não, não vou dizer, as palavras saem em busca de um sentido, levar um conteúdo coerente, formar imagens, respondem os primeiros sorrisos aprovadores, mas ainda não estão conquistados. O sangue desce para o coração, é como se a emoção florescesse em sensação gostosa de estarmos no mesmo barco, remando juntos buscando o bem. Os pensamentos vêm, fluem em palavras, existe uma troca, vejo um descanso, estamos agora calmos, a ansiedade passou, parece que estão gostando, os olhos piscam o tempo voou, foi entregue e recebido. Parece que gostaram e agora? o quê eu falei, será que falei bobagem, este meu jeito às vezes parece debochado, será que exagerei?Acho que não. Agora tudo passou, foi a primeira vez , ninguém esquece...
r.e.castro 13/09/2008

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