domingo, 28 de outubro de 2007


O Serviçal.

O sol avisava, era manhã com jeito para uma praia. O povo passava alvoroçado era sábado. Seria um grande final de semana, prometia. Nestes dias a criançada pula, corre, berra, é dia de sol.
Alguns alheios a isto partem pro batente é dia de ralação, como outro qualquer.
O negro forte, roupas simples, roupas de trabalho varre a frente da igreja, é mais um dia do Senhor. Pros de Deus não tem dias diferentes, todos os dias são para servir a Deus. Quando se varre, se varre pra Deus, a casa de Deus. Entoava baixinho um louvor, na paz conversava com o Pai. Ô Pai como é bom te servir, tua casa já tá limpa, como tu gostas. O pneu canta na esquina o Chevete cheio quase arrasta no chão, voltavam da farra, então param e todos rindo...vendo homem varrer ... um falou:
-Ô irmão, qual é? Porque tá varrendo? Tu é da cor, é malandro tá dando mole? Sai fora, escravidão já acabou! Vai dá mole pra pastor...é tudo pilantra, tá levando tua grana, ô tio qual é ? Aí vamo tomá uma gelada.. aí... vamo ca gente tio, lá no bar da esquina.
-Vou não meu filho tô bem aqui... obrigado vai com Deus...cuidado!....eles foram e o pastor Carlos continuou a varrer a varrer e a louvar.....
Glória a Deus! Aquele negro era livre mesmo....!
Serviçal de Deus!
Ruy Eduardo de Castro.
Sábado 18/08/2007

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