segunda-feira, 29 de outubro de 2007















Os sons a sinfonia e a filarmônica.


Amados jovens irmãos, é uma alegria ouvir a melodia dos sons da juventude, época dos sorrisos, das risadas, dos gritos de alegria, contagiantes que transparecem a renovação da esperança e são provas das inegáveis e das constantes misericórdias do Senhor, nosso Pai, em nossas vidas.
Meus irmãos, nasci em uma família, onde desde cedo eu escutava os acordes de um piano. Minha mãe era professora de música clássica e eu já acordava ao som de escalas musicais, do treino dos alunos e também apaixonado, apreciava a imagem e o som que minha mãe, muito bonita, passeava seus dedos longos, como que dançando, sobre aquele teclado ondulado e colorido de emoções, que fazia transcender o tradicional preto e branco daquelas teclas. Entravam e saiam meninos e meninas uns silenciosos e outros nem tanto. Meu pai era oficial do exercito e sua presença era verde militar e não me lembro de sons.

O meu território aumentava, e comecei a compreender a família, que não era só pai mãe e música. Comecei a ouvir os outros sons da casa. E ai eu descobri que havia mais dois seres, que como eu, eram filhos, mas que por serem mais antigos na área, tinham mais intimidade e eu achava que para eles tudo era mais fácil. Lembro-me muito bem, de volta e meia, minha mãe me proteger deles, sob o apoio de meu sério e verde pai. Esse tempo foi, e veio um outro, de muitas viagens, muitas escolas. Minha adolescência chegou, mas eu soube disto depois, eu vivia solto morava no interior do Brasil várias cidades, estados, vivi esta época lendo Monteiro Lobato, sonhando e vivendo, eram tantas brincadeiras, o tempo voava, só depois, eu percebi, que alguma coisa havia mudado e as meninas até então, umas chatas se tornavam diferentes e passaram a me atrair.
Nesta época som de fundo, começou a mudar. Eu menino que vestia calções e colares de suor e sujeira, passei a perceber as “mulheres”. A própria mãe que vivia brigando para eu entrar no banho, brigava então, para eu sair do chuveiro e ria do meu capricho no penteado, ao balançar a cabeça em negativa, a tanto esmero com a aparência. Ao fundo, tocava Beatles e Rolling Stones. Meu pai nesta época, não era mais verde, usava ternos e sua presença normalmente causava medo, pois a qualquer momento teríamos que apresentar as cadernetas escolares ou responder as queixas feitas por minha mãe, que já não agüentava os três demônios em casa. Havia uma mistura de liberdade e castigo, não havia conversa de orientação, existia muita liberdade, o agir corretamente era uma obrigação a seguir, e se não soubesse o que era certo, tinha que adivinhar. Em minha casa ouviu-se falar em Deus, fizemos todos a primeira comunhão, cheguei a me empolgar, querer saber mais, mas não houve incentivo. Eu achava algo estranho, não sabia o que era. Meu irmão Flavio, um dia me disse que minha mãe era espírita, me assustei, achei que ela era uma assombração. Meu pai ao ouvir falar de religião torcia o nariz com deboche, não podia ver padre, religioso ou coisa parecida que já criticava, dizia: esses são os piores. Assim completei dezoito anos.
Deu para perceber que não nasci num lar cristão. Senti cedo que, a meu pai agradava meu jeitão paquerador, meu interesse por lutas, e com ele aprendi, a não levar desaforo para casa. Minha mãe vivia em um segundo plano, meu pai com naturalidade, a humilhava na frente dos filhos ou de quem fosse. Transmitia a imagem do homem machão, incapaz de afeto aos filhos, um beijo um abraço não combinava com ele.
Meus irmãos a esta altura eram estranhos, cada um por si, como eu me desenvolvi nos esportes, em artes marciais, já não me batiam mais. Eu comecei a me impor no mundo como, brigão e paquerador. Só me afirmava em um lugar novo quando mostrava ser bom de briga e era metido a conquistar as mais difíceis garotas, eu me tornara um fanfarrão.
Esta época eu tinha uma namorada firme, cheguei a ficar noivo, vivia uma vida dupla, eu queria todas. Bebia muito, mas a princípio não gostava de drogas, porem depois de bêbado, dependendo da companhia. Esse costume inicialmente nos finais de semana, depois se tornou cada vez mais corriqueiro. Sempre com os amigos em turma, nos reuníamos para beber, contar os casos e as vantagens.
A vida foi passando terminei a faculdade de engenharia. Fui efetivado na empresa estava bem empregado, o namoro terminou passei a viver cada vez mais intensamente. Pedi demissão do emprego vendi o que tinha e fui para Londres em busca de emoção e fui fundo cheguei ao extremo da liberdade, fazia o que queria não havia limite. Sobrevivia com trabalhos desprezados pelos ingleses, lavava pratos panelas, essas coisas. Juntava um pouco de dinheiro e era ó farra, pequenas viagens pela Inglaterra. A vida era uma festa, namorava aquelas garotas de toda parte do mundo. Mas havia muitos momentos de tristeza e uma solidão desconcertante.
Estava em Londres no natal de 1978 fui convidado para uma comemoração. Quando cheguei, vi a orgia de sexo e drogas e rockin roll, que seria, percebi que era natal e perguntei, nem sei porque, a mim mesmo, por Deus. Lembro-me da angustia e solidão que senti, um vazio nunca antes experimentado. Deixei a festa voltei para casa sozinho para estranheza geral. Senti-me no fundo do poço, percebi que estava na fronteira da marginalidade. Lembrei de meus pais, irmãos, senti falta da família. Apesar da ausência de religiosidade cristã, meu pai era um homem honesto, cumpridor de seus deveres, uma pessoa séria e um homem de bem. Ele não havia aprendido a buscar a Deus, havia se decepcionado na infância, em colégios de padre. Minha mãe buscava no lugar errado, mas tinha fé, aprendera aquele caminho em sua casa, era uma fé equivocada, mas autêntica. Quando comecei a andar pelas ruas, voltando para casa naquela noite, via pelas frestas das janelas as famílias comemorarem o natal. Londres aquele ano nevou muito, parecia um filme. A solidão, o completo despropósito de uma vida anárquica, tinha me levado ao desespero, as drogas em Londres eram normais, a juventude vinha de todas as nações, era um choque cultural enorme. O que no início me encantava, se tornou um pesadelo. Naquele natal sozinho, sem saber orar, ansiei por Deus existir. Lembro-me como se fosse hoje, como eu estava vazio e como pensar na existência de Deus, por si só, como me confortou. Ele esteve comigo.
Passou o fim de ano, as coisas voltaram ao normal e eu fui ficando, volta e meia o vazio voltava. Aquele natal aos vinte e seis anos de idade; vi o mundo com outros olhos. A partir daí comecei a me imaginar no futuro, o que seria. Alguns meses depois resolvi voltar ao Brasil. Nesta época o som era Chico Buarque, eu tinha estado na fronteira do inferno, tocava meu guri, olha aí.
Deus havia me resgatado e eu ainda não sabia, Ele gostava de mim, e abrira uma pequena brecha na cortina do palco do espetáculo eterno de sua Glória.
Meu amigo Pr João Vieira me convidou para vir aqui passar a vocês um pouco de minha experiência. Escolhi falar sobre esta parte, pois acho que o jovem é sempre o mesmo, em qualquer época, quaisquer que sejam os povos e os costumes. O jovem é a esperança de uma nação, os jovens por sua força, sua vontade de vencer, por sempre estarem prontos para as novidades e até por sua ingenuidade, são muitas vezes enganados. Vocês já reparam que os jovens é que vão as guerras, são os jovens soldados que morrem; que muitos jovens casam muito cedo, sem medir as conseqüências. São manipulados pela mídia que lhes impõe modas e costumes com muita facilidade, por eles estarem ainda com sua identidade em formação. O jovem é forçado a entrar no mercado consumidor, sem sequer serem ainda produtivos. Antigamente existia a figura do aprendiz, as profissões eram passadas de pais para filhos nas famílias, o nome das famílias correspondiam a suas profissões.
Hoje todos nós mais jovens ou menos jovens, somos vítimas de um turbilhão de informação que não chegamos a entender uma novidade, ela já está ultrapassada.
Mais porque estou falando tudo isto? Onde quero chegar?

Fui jovem numa época com algumas vantagens e algumas desvantagens, vim de uma família classe média como muitos, mas tem uma diferença. Vocês sabem qual é? Vocês estão melhor que eu, vocês já foram eleitos por Jesus. Vocês já estão na caminhada, já estão ouvindo falar da porta estreita, já foram apresentados a Jesus da maneira certa. Vocês estão sendo discipulados, estão aprendendo a consultar a Deus e através do Espírito Santo estão sendo instruídos na verdade. Vocês estão desde cedo investindo no tesouro, que nem as traças, e nem a ferrugem corrói.
Usem esta oportunidade, não saltem deste barco, que tem um leme fixo chamado Jesus, que os levará ao trono do pai. Quando a gente fica menos jovem observa o que passou, vê os que caíram, morreram ficaram loucos, incapazes, por terem insistido a se manter fora do caminho de Deus, vítimas de satanás. É impressionante como erraram, caíram, morreram por tolice. Persistam neste caminho, nele quando se e é chamado a segurar o arado, não se olha para traz. Fixem-se em um som o som da sinfonia de Deus, ela pode no início parecer imperceptível, aos poucos o Maestro vai te tornar um exímio instrumentista, e você estará garantindo seu lugar na Filarmônica Eterna onde todos nós solaremos o Amor, com o Deus triuno em novos céus e nova terra.
Que Deus os abençoe para que permaneçam no caminho sem desvios, mas cada vez mais fortes, na beleza da juventude de Cristã.

Ruy Eduardo Moraes de Castro. (R.E.CASTRO)
07/10/06

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