terça-feira, 29 de janeiro de 2008


Filhos porque tê-los, se não tê-los, como sabê-los. (Vinícius de Morais)

Quando criança, já gostava de pássaros, gatos, cães, animais em geral e sentia uma felicidade enorme em acompanhar o processo de geração, nascimento e criação da prole. O que me fazia ficar mais impressionado eram os casais novos iniciarem sem experiência nenhuma, em meio a erros e acertos insistiam com tamanha determinação, que finalmente concluíam suas responsabilidades com a manutenção de suas empecíeis, quando não obtinham bom resultado, se entregavam a tarefa novamente com mesmo afinco. Era maravilhoso ver aquele instinto.
Pouco tempo atrás revivi essa experiência, com uma gatinha que temos em casa pela qual temos grande estima. Ela foi fecundada por um “genro” oportunista que confesso não ter gostado muito de sua postura diante das responsabilidades. Fiquei então na posição de futuro avô provedor da prole vindoura de minha “filha” adotiva. A gestação foi normal, acompanhada com muita atenção por todos nós “parentes” mais próximos. Quando vimos, já estava beirando à hora. Cheguei um dia em casa e percebi que ela estava em trabalho de parto e me pareceu que esperava por mim. Olhava-me com cara “de não sei” com a expressão mansa porem atenta, aguardava sinais, que se faziam notar incomodá-la a algumas atitudes, a quais ela deveria adivinhar, eu fazendo agora papel de pai e não avô, procurei apoiar, só apoiar. A partir daí senti firmeza nela (que doideira hem!) passou a fazer tudo direitinho, veio o primeiro, ela se enrolou um pouquinho e logo depois apareceu um jacozinho apressado querendo passar a frente. Ela passou a tratar do segundo, retornou depois a o primeiro, um tempinho depois veio a menininha, já encontrando a mamãe experiente. Foi de um esmero e asseio invejáveis, depois disso, sem marido criou os filhos sem em nenhum momento deixar a desejar, admiravelmente perfeita!Certo dia passou a rejeitá-los indicando que tratassem de suas vidas, foi firme! Quando partiram percebi a sua volta a rotina, organização de sua vida e uma confortável sensação de dever cumprido, dormindo feliz. Temos uma amizade muito próxima, percebo nela muitas atitudes comumente mais atribuídas a um cão amigo, e um ciúme de mulher!
No contexto familiar, passamos agora por experiência parecida, quando chegou o momento dos filhos alçarem vôo e partirem.
Nós homens somos diferentes, temos a tendência a querer não deixar partir. Lembrei da gatinha, seu olhar no momento difícil, pensei em Deus, olhei pra Ele do mesmo jeito e encontrei conforto!São os ciclos da vida, devemos aceitar!
Que Deus abençoe e guarde minha filha querida! Bom Vôo!
R.E. Castro. 28/01/2008