sábado, 31 de maio de 2008


Uma criança.
Ele chegou no sinal com as mariolas na mão, fazendo pregão : cinco por um real.É cinco por um real, repetiu, cinco por um real , leva dotô, pra me ajudar!Cinco por um real, leva dotô, pra me ajudar!
Olhei pra ele, era bem pequeno, mais baixo que a janela de meu carro, era um negrinho ruivo, me chamou atenção, não parecia pintado o cabelo, pareceu natural. Sua simpatia era grande, devia ter uns oito ou dez anos de idade, mas muito esperto. Olhei bem pra ele, sabia pedir, vendia bem, procurei um real no carro não tinha, ele pregava cinco por um real, é pra me ajudar!Era muito esperto, eu procurava não achei um real, achei cinqüenta centavos, peguei ia dando o dinheiro, ele disse cinco por um real, dei os cinqüenta e falei pode ficar. Só tenho cinqüenta, ele tinha então três mariolas na mão, eram as mesmas de quando dizia cinco por um real, mas tinham três, tudo rápido, eu disse: pode ficar só tem cinqüenta, não quero a mariola não!Ele disse, fica pra tu! E partiu, pregando cinco por um real, muito simpático!Com mais três na mão.
Achei que ele tinha três desde o início, ele pregava cinco por um real, havia três na mão dele, gostei dele, ele deve ter gostado de mim, falou: fica pra tu! Eu disse não quero pode ficar , ele disse , fica pra tu!
Pensei bem, saí pensando, ele dizia cinco por um real, tinha três na mão. Quem tem malícia? Ele ou eu? Cinco por um real ele disse, mas tinha três na mão! Era um gurizinho, menor que a porta do carro, mais baixo que o vidro, a mão dele era pequena, não cabiam cinco mariolas!
Vivemos desconfiados, o mundo está nos levando ao medo.
Cinco por um real era um gurizinho, muito simpático!
Fica pra tu!Não vou esquecer ele!
r.e.castro 31/05/2008

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