quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O cheiro.
Ô dia muquirana, dia marrento, vacilei num devia ter vindo, o biscate de limpar peixe fedia e não rendia nada. Tentei na calçada arrumar um qualquer ajeitando vaga. As madames chegavam, saiam cheias de medo, agora não adianta mais fazer cara legal, ninguém nem olhava , baixavam a cabeça faziam não ver. Chegou ela, parou o carrão, encostei, gelei parecia novela, que mulherão eu pensei, não é pro meu bico, mas posso olhar. Quando saltou cheguei perto só pra sentir o cheiro, me encostei, respirei tudo, que coisa gostosa me arrepiei, parei, só olhei ela riu...pra mim! quem sou eu?Falei logo pode deixar que eu olho, vou tomar conta. Foi andando arrumando a bolsa, balançando o lombo pra lá e pra cá, fiquei olhando até sumir, entrou no mercado, sumiu. Fiquei sonhando, que avião! Guardei na memória nunca vou esquecer. Quando olhei pra baixo vi a carteira no chão, será que era dela, nem vi cair. Peguei tava cheia, olhei pro lado pensei em vazar, vou fugir, lembrei dela, deve ser dela, abri olhei o retrato era ela, me apaixonei, vou devolver. Quando olhei novamente lá estava ela apontando pra mim, senti medo, maloquei a carteira, sem eu dar conta tomei uma tapa na orelha, veio de traz, eu caí, o melado desceu do nariz, fiquei tonto quando olhei pra cima, chutaram minha boca, ela chegou viu a carteira no chão e gritou ...é ladrão! me pegaram pelo rabo jogaram dentro do camburão. Os homens saíram a sirene tocou, ai eu lembrei... o cheiro era bom!
Vida sem Deus!
E. Duarte.

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