terça-feira, 28 de outubro de 2008




Velhos, agora são estranhos.

Estive hoje em Copacabana, fui visitar meus pais. Estas idas à casa de meus velhos atualmente são muito doídas, é triste ver a aspereza da vida nos momentos em que nem as boas lembranças podem ser apreciadas, pois levam a conclusão inexorável do fim. Copacabana agora lembra Miami Beach, os brasileiros também ficam velhos. Hoje percebemos um comércio especializado e dirigido à terceira idade, lojas de produtos hospitalares, e muitos velhinhos nas praças e no calçadão. Vivi anos de juventude no Bairro Peixoto, é engraçado reconhecer pessoas que não vemos a longo tempo e reparar as mudanças, relembrando o rosto jovem. Parei em uma loja de sucos e fiquei algum tempo apreciando a movimentação de entrada e saída do metrô, pude imaginar jovens que passavam como serão quando velhos e me peguei rejuvenescendo a outros mais idosos.
Fiquei impressionado com a inabilidade e falta de boa vontade para com as pessoas idosas e de cabelos brancos em nossa cidade. Os nossos velhos são vítimas das mais diversas maldades e maus tratos. O brasileiro não respeita seus idosos, foi minha triste constatação. Os velhos são vistos como pesos mortos e elefantes brancos. O nosso povo gosta de copiar o que vem de fora, porém a meu ver, só o que não presta. Países como Japão e outros, os anciãos são merecedores gentilezas, cuidados e principalmente respeito. Sou de uma geração em que as crianças eram as desrespeitadas e que não tinham direito a opiniões e costumava-se dizer que “criança não tem querer”. Essa geração ficou adulta e educou seus filhos com carinho atenção, talvez até alem do necessário, sendo que os jovens de hoje filhos destes dedicados pais, tornaram-se tiranos, algozes da geração envelhecida. Lembro-me que a geração de hippies doidões gerou filhos, responsáveis e “caretas”. Pais legais, cuidadosos estão sofrendo com filhos perversos. São paradoxos, quem foi surrado não bate,mas quem foi bem tratado, castiga. Devemos pensar nisto e agir de forma a modificar este quadro. Antigamente, nas sociedades tradicionais, os velhos eram considerados por serem sinônimo de lembranças e sabedoria. Atualmente, o descaso e o desprezo os excluem da sociedade. Muitos os julgam como pessoas improdutivas e torna-se comum encontrar idosos abandonados e ignorados dentro da própria família. A velhice hoje é vista por muitos como um período de decadência física e mental. São coisas como estas que definem e regem uma sociedade, cuidar dos velhos é dever dos jovens e sabedoria bíblica.
“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles prazer” Pv 12:1

r.e.castro 28/10/2008

Um comentário:

Anônimo disse...

RJ 30.10.08
Ruy,a sua reflexão sobre a velhice me deixou bastante tocado, principalmente no caso de meu sogro, que nestes dias o tenho visto frágil e cansado. Será que a ficha caiu?? É o momento?? Para quem é testemunha de suas peripécias no Kart e o vê agora, sente um pouco de medo. Mas é a vida, vamos levá-la e cuidar dele com muito carinho, carinho este, o qual ele sempre dedicou a mim e a minha família. É a nossa hora de provar com gratidão o que ele espera de nós.

Abraço

Raimundo