domingo, 13 de abril de 2008




Bons amigos.

Costumo pensar muito, lembro-me que sempre gostei também de conversar. Gostava de conversar com pessoas adultas, havia em mim duas pessoas a criança ou o jovem e certo adulto já em mim, que queria aprender, escutar estórias, ouvir os “causos”, fazer amizades. Morei muitas vezes no interior do Brasil e gostava de assistir conversas, como no sul, em torno do fogo e regada pelo “amargo”. Tempos bons lugares bons, havia tempo para um “bom papo”. Conversas tranqüilas sobre caçadas e pescarias, sobre bons cavalos, sobre galos de raça, minha cabeça coloria. Existia no ar bastante camaradagem e ao mesmo tempo um clima de brincadeira, falando de situações passadas por algum dos participantes, onde não saíra muito bem, seguiam então as risadas. Havia harmonia, felicidade, ter amigos e desfrutar bons momentos. Atualmente tenho buscado conversar, mas não está muito fácil encontrar parceiros para bons assuntos, as pessoas em geral perderam esse hábito e é mais encontrado o papo de botequim, que também é bom, mas tem um ciclo de aproveitamento muito curto, com o andamento das rodadas de chopp, geralmente desvirtua e já não me agrada mais. Quando eu bebia muito, achava interessante, as pessoas se descontraírem e extravasarem suas magoas e frustrações em longos “papos cabeça”, que se fossem vistos de fora, sem estar no clima e no mesmo nível etílico, seria desconcertante.Se caso alguma coisa terminasse mal, não faz mal, culpa do álcool, “desculpável”. Vinícius dizia que: " o whisky é o cachorro engarrafado", filosofia de botequim, mas tem seu fundamento, o problema é que o cara pode acabar sendo puxado pelo "cão", ou com a cara lambida. Entendo que as pessoas hoje tem um certo medo de serem autênticas, de expressarem seus reais princípios e defenderem seus pontos de vista de cara lavada. Passaram então a tender, a serem superficiais, trocando idéias politicamente corretas. Hoje se diz, o que se supõe quererem ouvir, um agrada, agrada, que logo depois ao se afastarem, é comum proferirem críticas ou mau agouro. Não me sinto amargo, sinto que perdem tempo, perdem amizades, ou melhor, talvez não invistam mais em amizades, pelo simples prazer de ser amigo, isso é triste.

“Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive” Vinícius de Moraes.

Perdi muitos amigos, “amigos antigos,” foi ruim perder, mas acreditava que só se fazia amigos na infância e juventude, eu estava errado!


r.e.castro 13/04/2008

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