terça-feira, 12 de fevereiro de 2008



Seres racionais.

Somos seres relacionais, nascemos e já começamos a interagir com o mundo em geral. Vamos desenvolvendo habilidades e tendências tendo como finalidade nossa proteção e sobrevivência. Somos levados a crer em conceitos preestabelecidos, que a princípio tem a função de facilitar nossa vida.
Vivemos em um ambiente onde as antigas convenções e certas coisas tidas como definitivas e seguras tem se tornado cada vez mais incertas e até mesmo perigosas. Haviam verdades indiscutíveis. Por exemplo, ninguém duvidava de um médico, naquela época os médicos não eram tão especialistas, geralmente eram clínicos gerais médicos de família, eram pessoas que cultivavam uma relação afetiva, normalmente começavam pediatras e acompanhavam vida a fora. Conheciam tanto o cliente que diagnosticavam até por telefone. Fazer o bem, gostar de cuidar de pessoas eram os princípios básicos. Meu avô era medico cuidava de tudo, não cobrava de quem não tinha , recebia em casa galinhas, frutas e muito respeito e agradecimentos. Esperava-se da polícia a proteção, da cozinheira um bom tempero, do dentista pouca dor, o bandido se escondia, o salva-vidas era um amigo conhecido, o bombeiro era a certeza do socorro. Os políticos eram homens “sérios”. Ser escoteiro era legal, aprendia-se muito hoje não se ouve falar. Onde eu quero chegar, não sou saudosista!Mas não sou esquecido, era melhor!Hoje é hoje, tudo mudou, não se confia em ninguém, não se sabe avaliar, sequer podemos desgostar de ser passiveis de investigações, quanto a nosso caráter e temos que provar que somos honestos diariamente. Em outros tempos, uma pessoa era honesta até provar o contrario. Hoje ser honesto e sinônimo de idiotice, de modo geral, é claro!
Os relacionamentos são cada vez mais superficiais, as amizades são raras. Se uma pessoa está em situação difícil, todos somem. Houve em minha vida algumas épocas que eu queria conversar com alguém e não podia encontrar em meus relacionamentos um em quem confiar. Em algumas igrejas, ouço falar, que um crente não deve conversar sobre seus problemas, porque corre risco de vazar muito facilmente e sua privacidade acabar. Parece cada vez mais comum buscar aconselhamento distante. Entendo por conhecer de fato, por experiência própria, que se nos abrimos com alguma pessoa de confiança e preparada para ouvir, que tenha aquelas características citadas acima, comuns nos médicos de antigamente, pastores de antigamente a cura, o alívio, virá mais rapidamente. A somatização, por emoções, sua retração durante meses, anos, guardando segredos, sofrimentos, é a causa da maioria das doenças. Precisamos conversar, precisamos de afeto, receber e manifestar afeto. Precisamos voltar a ambientes de ingenuidade, amabilidades, prestar e aceitar favores e retribuir com doces ou bolos. Gentileza gera gentilesa. Precisamos amar. Senão em breve seremos nós, os irracionais!
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. (Mt5:3)
r.e.castro 12/02/2008

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