terça-feira, 18 de março de 2008



Breve Vida.

Deitado na cama olha ao fundo a pequena mata e vê uma floresta. Escuta os pássaros, ouve os cantos e imagina as cores. O beija-flor vagueia, procurando o doce. Esta tudo em paz há calma, há silêncio seria um lugar perfeito tanta paz, mas é paz de hospital. Como o beija-flor, ele vagueia pela vida que se foi, vê o tempo que escoou pela mão que achava controlar a vida. Agora a vida agitada parou, parece que tudo parou, a vida parou, lá fora é lá longe, o mundo continua, mas ele está fora, o mundo dele parou. A cabeça tenta pensar e apático não quer pensar solução, quer se entregar. Lá fora é desgosto, a vida que não cumpriu como queria, o desejo, as perdas, os amores, a certeza da morte, impacto final. Ele se lembra da fé a fé que não tem, as coisas que ouviu em família a religião da família. Religião que não conforta religião rasa, fé rasa constrange a vida, não foi boa, a vida não é boa, não quer lutar, lutar pra que? Vem tudo de novo, é carma, é reencarnação, expiação, confusão, não tem saída vem novamente outro corpo outra vida, que será agora, será verdade, pra que viver vida injusta? Sofreu aqui, sofreu ali e assim mesmo não deu certo, é purgação vida passada, que será que eu fiz? Pensa no pai, na mãe, irmã e filha que foram na frente, absurdos que sofreu, como ver filho morrer absurdo, pra que viver. Reparei que não falou na perda da perna, só disse que o avô, nosso avô também tinha perdido, condições iguais, diabetes. Não reparei tristeza, vi só o vazio, desesperança, não tinha jeito de choro, de tristeza, só vazio. Não mostrou orgulho, não mostrou humildade, só apatia. Gostou da visita, tem carência, auto-estima baixa, parece sentir que não pode amar, nem ser amado. Está sofrido, já sofreu aprendeu disfarçar tristeza, treinou tanto que convenceu a si próprio. Sentimento difícil de compreender diante da fatalidade, apatia. Deu a entender, sem querer, como quem havia perdido uma coisa qualquer, não aparentou desespero, nem sequer estar conformado, só apatia. É espírita, é budista messiânico, é católico é tudo não é nada. Apresentei o livrinho de oração do devocional diário “Cada dia”, orei em silêncio. Gostaram quiseram saber de onde era, acho que não entenderam, mais um livrinho, patuazinho, santinho. Estranhas religiões cultuam tudo, muitas proteções, muitos caminhos, todos fracos. O homem tem uma trajetória de altos e baixos, as oportunidades aparecem e se vão muitas vezes sem ser vistas, o homem carece de Deus, percebe, mas se ilude criando um deus conveniente, quer religião, quer clube, não quer Deus.
Tinha muita coisa pra dizer, achei melhor calar.Orei em silêncio, era tarde.
Agora ele tinha tempo pra pensar, pouco tempo pra recomeçar. Tem todo o tempo, mas não há tempo ele se foi, a vida já havia ido há muito tempo deixa pra lá, agora não, tem preguiça, tem medo. Pensa,tenho pouco não posso perder, tenho muitopouco tempo, não vou arriscar. Medo pode ser bom às vezes, mas quase sempre é muito ruim. Existem pessoas que perseguem oportunidades, sonham, lutam, estão sempre buscando e muitas vezes por pouco perdem, não desistem acabam vencendo. Muitos as coisas vem as suas mãos não aproveitam. Interessante essa vida, uns desprezam a sorte, outros desprezam o azar. Aprendi que não se deve fugir na vida, nem da vida, o que está ruim piora. O corpo mostra as marcas do tempo, trabalhe muito, trabalhe pouco, o corpo acaba. A tudo se acostuma o corpo nessa vida, bons momentos, maus momentos, tudo é vida. É bom pensar agora enquanto há tempo, o corpo é fraco a carne é fraca. Alguns têm sorte, bom berço, bem!... não é tudo. O tempo passa ...passou!
Não terás outros deuses diante de mim. Ex 20:3
r.e.castro 17/03.2008

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