quinta-feira, 13 de março de 2008




Novos céus e nova terra.
Quando eu era criança, volta e meia me diziam: menino levado, teimoso olha o que você anda fazendo, isso é pecado você vai acabar no inferno!Fui crescendo menino levado, adolescente difícil, jovem revoltado, adulto prepotente, relutante, contra as imposições de um mundo justo, onde o comportamento, as diferenças do ser humano o transformam em verdadeiro caos. São muitas as discrepâncias, antagonismos enfim, o homem briga por tudo, quer tudo pra si, abstrai-se das responsabilidades para com um mundo auto-sustentável vindouro possível. Costumo pensar que os homens entendem que depois de netos não existem parentes e sim estranhos, só pode ser. Até filhos, netos, envolvemos em uma aura de proteção e fraternidade. No tocante ao resto da humanidade consideramos estranhos, como se fossem outros animais e não semelhantes. Vivemos momentos difíceis, momentos de definição para um mundo eminentemente incerto. O homem se afastou de Deus, desrespeita o meio ambiente, explora a tudo a todos, como se fosse eterno e levasse consigo o que amealha. Como grande parte dos homens também estive descrente e alheio a quase tudo, busquei para mim o melhor e considerei ser o mundo a terra de ninguém, onde cada um por si se defendesse. Fui assim buscando varias religiões, me decepcionando com as mesmas e com a humanidade em geral. Certos dias, em outros tempos sentia-me tão só no mundo, amargava uma angústia desoladora na qual sentia minha alma presa, enjaulada a um corpo limitado, incapaz de me gerar paz e equilíbrio satisfatórios. Foram tempos difíceis, eram muitas as buscas e poucos os resultados que amenizassem minha dor. Estudava, gostava de ler desde a adolescência, sempre acreditei em um mundo melhor. Tornei-me um agnóstico, um homem onde a razão e as necessidade de comprovações empíricas limitavam a compreensão, era uma espécie de cético, mas oriundo de uma influência mística, sincrética brasileira, onde inapelavelmente via-me obrigado a permear esta razão através de crendices e superstições intrínsecas, talvez fenômeno atávico de nossa origem. Mais tarde percebi que minha posição ideológica excludente ao que não fosse matéria comprovada, inicialmente libertadora, embutia um elemento pelo qual segregava o sentimento natural de esperança, a mero acaso. Concluí então ser a esperança um aceno de alguma força simpática ao bem estar e o meu ceticismo, que da mesma forma que a fé não pode ser provado, nada mais é que a desesperança e pessimismo.Vendo desta forma compreendi ser o ateu , o agnóstico seres desiludidos, sofridos, medrosos já cativos à desesperança e senhores e criadores de um estado de “ acasos”, no qual se resguardam a assumir riscos e responsabilidades, mantendo-se alheios à tudo e à todos que não lhe sejam convenientes e confortáveis. Acampando seu tesouro de conclusões irredutíveis, no poço inquestionável da intransigência. Hoje passo dos cinqüenta, me aproximo dos sessenta, sinto-me feliz em algumas vezes me pegar sonhando como um menino ingênuo imaginando o céu, prefiro isso a ruminar empacado, na frágil segurança de pseudo- convicções que também não podem ser provadas, mas infelizmente simples hipóteses, estas porem, pessimistas e preguiçosas. Não quero me tornar um velho amargo ranzinza, quero abrigar em meu coração a fé e desfrutar da sabedoria dos simples que crêem em novos céus e nova terra.
Mas o fruto do espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. Gl 5:22-23.
r.e.castro 13/03/2008.

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